Sem medo: o caminho continua sendo o da mobilização e da luta

O movimento sindical brasileiro atravessa um dos períodos mais complexos de sua história. O aprofundamento das políticas neoliberais na esfera trabalhista está potencializando a precarização do trabalho e, consequentemente, aumentando a desigualdade e a miséria.

Além da crise econômica acentuada pela pandemia, sindicalistas e trabalhadores amargam as consequências da falta de representatividade política. Somos a minoria da minoria dentro do debate público e dos espaços políticos.  

Para a burguesia não bastou a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência com a falácia da tal “geração de emprego”, ela se apropriou de uma pauta de interesse dos trabalhadores, a MP 1045, para impor os seus interesses que estão totalmente descolados da realidade.

Por meio de uma série de emendas, os tais “jabutis”, esse setor político-empresarial descaracterizou uma medida que visava somente renovar o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, com redução de jornada e salário e suspensão de contratos de trabalho, para que os setores produtivos continuem enfrentando a crise e a pandemia sem demitir.

Como era de se esperar, a Câmara dos Deputados aprovou. Oportunistas que são, buscam o lucro a qualquer custo liberando a contratação de trabalhadores com salários baixos e direitos totalmente defasados. Isso apenas deixa escancarado que setor político-empresarial está resgatando a carteira verde e amarela. É uma reforma trabalhista dentro da outra.

Nós, trabalhadores, temos que observar todo esse cenário para refletirmos e repensarmos sobre o nosso papel na busca por uma sociedade mais justa. E os sindicatos são os fomentadores dessa reflexão, transformando isso em ações, mobilizações e representações.

Cada sindicato tem uma história repleta de lutas e glórias. Sendo assim, cada sindicalista deve evidenciar isso para os companheiros. É preciso mostrar que, apoiados por um sindicato, os trabalhadores podem assegurar direitos nos momentos difíceis e avançar, socialmente e economicamente, nos momentos de progresso.

Temos que deixar muito claro quais são os nossos interesses e o horizonte que buscamos, o setor político-empresarial está escancarando os seus mais obscuros interesses.

Os “jabutis” da MP 1045 chegaram ao Senado e nós vamos agir de forma direta e exigir que os senadores não aprovem o texto da forma como ele está agora. Não podemos fugir dessa luta, afinal, quando o povo trabalhador é prejudicado, consequentemente, o Brasil é prejudicado. 

Eliseu Silva Costa
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista 

 
Foto de abertura: Trabalhadores e movimentos sociais em frente ao prédio da Previdência Social, em Jundiaí, durante a Greve Geral contra as reformas, realizada em 28 de abril de 2017. 
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