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Uma história de luta. Uma luta que continua

O Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista foi criado em maio de 1946. Nasceu em meio à  repressão governamental.

A partir de  1947, sob o governo do Marechal Dutra, cerca de 400 sindicatos  sofreram intervenção em todo o País e muitos outros foram vigiados  pela polícia, dificultando o processo de organização dos  trabalhadores.

À época, a luta era pela reposição da inflação e pelo abono de Natal,  que passou a ser conquistado pelos trabalhadores como 13 ° salário.

Com o desenvolvimento econômico e abertura de novas empresas, a  organização dos trabalhadores aumentava e o Sindicato de Jundiaí participava ativamente dos movimentos.

Nessa trajetória, os trabalhadores conquistaram férias de 15 dias,  descanso semanal remunerado, estabilidade no emprego, jornada de  8 horas, regulamentação do trabalho da mulher e do menor, entre  outras garantias.

Golpe militar cassa e prende sindicalistas

Com o golpe militar, em 1964, foram  realizadas mais de duas mil intervenções em sindicatos, com  cassações e prisões de dirigentes, desarticulando o movimento  sindical. Os militares baixaram uma nova política de arrocho salarial,  instituíram uma lei antigreve e acabaram com a estabilidade no  emprego.

Proibidos de fazer política partidária, os trabalhadores se organizaram em entidades e associações de bairros, que criaram condições para que os metalúrgicos desafiassem a ditadura.

Na região de Jundiaí, o movimento começava nas grandes empresas, como Sifco,  Krupp, Tusa e Vigorelli. Os trabalhadores cruzavam os braços e iam  parando as empresas ao redor, e todos saíam à s ruas em  manifestações que paralisavam a cidade e lotavam o estádio do  Paulista em grandes assembleias.

Além das questões relativas ao aumento salarial e melhores postos  de trabalho, os trabalhadores incorporaram temas políticos, como a  volta de um governo democrático, o fim da ditadura, anistia aos  perseguidos políticos e convocação de uma constituinte com eleição  direta para presidente da República.

Essas também eram reivindicações do movimento estudantil, das  entidades populares, da Igreja Católica e dos setores sociais que  lutavam pelo restabelecimento do estado de Direito, com respeito à s  liberdades democráticas e garantia dos direitos individuais.

Redução da jornada de trabalho para 44 horas

Em 1985, os trabalhadores, representados pelo PT, PCB, PDT e PSB,  ficaram fora da composição do primeiro governo civil formado com o  fim da ditadura.  Foi naquele ano, com greves nas empresas, que nossa categoria  conquistou a redução da jornada de 48 horas para 44 horas  semanais, com repercussão nacional.

Em 1987, foi grande a  participação dos metalúrgicos de Jundiaí na greve de agosto,  convocada pela CUT, CGT e Contag contra o plano econômico do  governo e pelo não pagamento da dívida externa.

Durante o trabalho da Constituinte, os trabalhadores se mobilizaram  por estabilidade no emprego, 40 horas semanais, direito irrestrito de  greve, liberdade e autonomia sindical e aposentadoria por tempo de  serviço e sem limite de idade.

A greve de 33 dias na Tusa contra a redução de jornada com redução  salarial, em 1990, foi o marco da luta da categoria na resistência aos  tempos de neoliberalismo iniciados pelo governo Fernando Collor de  Mello.

Além de achatar salários, confiscar a poupança e aumentar os preços  dos produtos, o plano econômico escancarou as importações e  provocou a redução da atividade industrial,  jogando o País na  recessão.  Os empresários demitiam e enxugavam custos com terceirizações,  cooperativas fantasmas e propostas de redução da jornada com  redução salarial.

Mais de mil trabalhadores em assembleia

A luta não era mais por avanços, mas pela manutenção dos direitos,  como a assembleia realizada na sede do Sindicato com mais de mil  trabalhadores contra o fim da aposentadoria por idade.

No 1 ° de Maio  de 1992, mais de 20 mil pessoas fizeram, no Clube de Campo, a  segunda maior manifestação do País por emprego e salário.  Os trabalhadores de Jundiaí também foram a Brasília, na Marcha dos  100 mil, para exigir desenvolvimento econômico e CPI (Comissão  Parlamentar de Inquérito) para apurar as denúncias de favorecimento  nas privatizações das empresas do grupo Eletrobrás.

Nesse ambiente de combate à  corrupção, os sindicatos da cidade  denunciaram um esquema de falsas fiscalizações da DRT (Diretoria  Regional do Trabalho) de Jundiaí, que culminaram com o afastamento  de três engenheiros do trabalho.

Apesar dos tempos ruins, a categoria conquistou o complemento do  auxílio doença até 120 dias e a estabilidade ao trabalhador em vias  de aposentadoria.

A forte resistência dos trabalhadores, que realizaram atos nacionais,  impediu a adesão do Brasil à  Alca, a área de livre comércio que se  pretendia formar com os Estados Unidos.

Já em fevereiro de 2003, dois meses depois da posse de Lula, os  metalúrgicos realizaram o Carnaval da Esperança, mostrando nossa  expectativa em relação ao primeiro operário a assumir a presidência  da República.

Política de recuperação do salário mínimo

Logo no início, Lula engavetou os projetos que tiravam direitos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Definiu uma  política de recuperação do salário mínimo, que repercute no ano  seguinte com a retomada do desenvolvimento econômico.

Nas empresas, a categoria tem outras demandas além da salarial e  se mobiliza por melhores condições de trabalho e benefícios como  transporte gratuito, cesta básica, plano de saúde e plano de cargos e  salários.

Com o novo governo, aumenta a participação dos trabalhadores nos  espaços de decisão. As Delegacias Regionais do Trabalho passam a  contar com um Conselho Sindical.

Nas Marchas a Brasília, os trabalhadores cobram programas sociais  que reduzam a desigualdade, queda nas taxas de juros, política de  desenvolvimento econômico vinculada a metas de geração de  emprego e uma política de valorização do salário mínimo, reforma  agrária e ampliação dos direitos trabalhistas.

A luta por mais direitos continua

Em maio de 2007, os trabalhadores ocupam a Avenida Paulista para  que sejam retirados do Congresso projetos que atacam direitos dos  trabalhadores e pedem a aprovação das 40 horas semanais de  trabalho, licença maternidade de 120 dias, mais investimentos  públicos e pela valorização do trabalho.

Naqueles anos, a categoria teve presença marcante nas ações de  destaque no cenário nacional, em defesa da indústria brasileira para  a criação de mais e melhores postos de trabalho, crescimento com  distribuição de renda e governos com mais participação popular.

De lá para cá, as lutas operárias continuam e o Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista, ganha, cada vez mais, destaque na defesa dos trabalhadores.