Resistência e visibilidade: 25 de julho é o Dia da Mulher Negra

Com informações da Rede Brasil Atual e Geledés

Instituído pelo governo do Brasil pela Lei nº 12.987, de 2014, em 25 de julho é comemorado o Dia da Mulher Negra. A data, inspirada no Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha (31/07), também celebra a vida e luta de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no atual Estado de Mato Grosso durante o século 18. 

Resistência 
Simbolo de resistência e determinação, Tereza de Benguela se tornou rainha do quilombo após a morte de seu companheiro. Liderando a comunidade,  negros e indígenas resistiram  à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada. 

Como Tereza, outras mulheres foram e são importantes para a nossa história. Lembradas pelos ótimos trabalhos que deixaram um legado de resistência e emancipação, o Dia da Mulher Negra também homenageia personalidades como, Antonieta de Barros, Aqualtune, Theodosina Rosário Ribeiro, Benedita da Silva, Jurema Batista, Leci Brandão, Chiquinha Gonzaga, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Maria Filipa, Maria Conceição Nazaré (Mãe Menininha de Gantois), Luiza Mahin, Lélia Gonzalez, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Mãe Stella de Oxóssi, entre tantas outras. 

A mulher negra no Brasil 
Segundo dados extraídos do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, de 2015, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Brasil, elas são 55,6 milhões, chefiam 41,1% das famílias negras e recebem, em média, 58,2% da renda das mulheres brancas.

Mercado de trabalho e representação política 
De acordo com a economista do DIEESE e especialista em mercado de trabalho, Lucia Garcia, em 2017, período conturbado para a economia brasileira e latino americana, as mulheres negras voltaram a enfrentar taxas de desemprego (21,1% da Força de Trabalho negra feminina) muito mais altas que as mulheres não negras (11,1%) e do que os homens não-negros (9,4%), tornando-se assim o grupo mais vulnerável ao desemprego.

Na política, dados da campanha Mulheres Negras Decidem apontam que, em 2018, dos 513 parlamentares, apenas 10 eram mulheres negras. 

Violência 
O Atlas da Violência 2019 revelam dados alarmantes sobre a integridade da mulher negra no Brasil. Foram registrados 4.936 assassinatos de mulheres em 2017, sendo que 66% das vítimas é negra, morta por armas de fogo, tendo boa parte acontecido dentro de casa.

Reflexão
Para Rose Prado, vice presidente do Sindicato e articuladora do Coletivo de Mulheres Metalúrgicas, além de resgatar personalidades inspiradores e ressaltar a representatividade da mulher negra, a data dá uma boa oportunidade de entender a sociedade brasileira como um todo. “Em uma país de extrema complexidade como o Brasil, no qual o feminicídio, o racismo e a desigualdade social são latentes, precisamos voltar nossas atenções para a mulher negra. E claro, exaltar e nos inspirarmos nos exemplos de luta e resistência do passado e do presente, para que possamos reivindicar e reverter o cenário atual, que é preocupante”, declarou. 

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