“Nós queremos discutir, o que não queremos é a imposição”, diz Eliseu sobre a Reforma

Em entrevista ao programa “Acontece”, da rádio Difusora AM, realizada na manhã desta segunda-feira (22), o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Eliseu Silva Costa, fez um breve balanço sobre as atividades sindicais e trabalhistas no ano de 2017. Além disso, o sindicalista falou sobre seu futuro como presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo (FEDMETALSP) e sobre as polêmicas reformas propostas pelo atual governo. 

Eliseu revelou que o ano de 2017 foi difícil, mas que graças ao poder de mobilização dos trabalhadores foi possível garantir a integridade da categoria. “Mesmo com a Reforma Trabalhista, conseguimos renovar todas as cláusulas da convenções coletivas que garantem os direitos dos trabalhadores”, disse. 

Em fevereiro, Eliseu assume a presidência da FEDMETALSP. Ele revelou que as responsabilidades irão aumentar, mas que com o apoio dos membros das duas entidades será possível fazer um bom mandato. “A correria vai continuar, pois antes de ser eleito presidente eu fazia parte do financeiro na Federação. A responsabilidade aumenta, mas com a participação do ex-presidente Cláudio Magrão, que agora é secretário geral na Federação, e com o empenho dos diretores do nosso Sindicato, não tenha dúvida que a luta continua”, declarou. 

Foxconn e o caso Sifco/Dana 

Durante a entrevista, Eliseu lembrou das conquistas obtidas na Foxconn, uma das empresas mais novas da base metalúrgica de Jundiaí. “à‰ uma das maiores empresas do país e temos duas unidades em Jundiaí, com cerca de 5 mil trabalhadores. No começo foi difícil, pois havia uma imposição das regras do país de origem da empresa. Mas aqui, nós temos uma legislação, temos o trabalhador consciente, temos sindicato e avançamos muito. Hoje o relacionamento é muito bom”, disse. 

O presidente também lembrou da atuação do Sindicato no processo de transição da Sifco. “A Dana havia comprado 80% dos ativos da Sifco. Naquele momento, a Sifco prometeu que faria uma usinagem e um centro de treinamento, mas não fez nada, demitiu os trabalhadores e queria pagá-los em 30 vezes. O Sindicato negociou o adiantamento dos alugueis com a Dana, foram pagas todas as verbas rescisórias e a multa do artigo 477 , mas restou ainda a multa dos 40%. Em dezembro, conseguimos na Justiça pagar parte da multa e agora voltamos a negociar o adiantamento do aluguel para quitar”, explicou.

Reformas Trabalhista e da Previdência 

No ponto de vista de Eliseu, a falta de transparência no debate da Reforma Trabalhista fez com que a elite empresarial aplicasse todas as suas reivindicações sem dar atenção ao contraditório. 

“A Reforma Trabalhista foi aprovada de forma irresponsável, o governo poderia ter feito com mais transparência. Não houve nada que impedisse o diálogo com as centrais, com as federações, com os sindicatos. Nós poderíamos debater sem problema nenhum e também poderíamos envolver juízes, pois são eles que entendem das leis. Mas isso não aconteceu”, explicou. 

Sobre a Reforma da Previdência, Eliseu volta a ressaltar a falta de um debate com setores da sociedade. “Por duas vezes, o governo teve que comprar o congresso para não ser investigado. Estão dando valores altíssimos através de emendas para os deputados aprovarem a Reforma da Previdência. Se tiver que fazer mudança, que se faça, mas que se discuta. Nós queremos discutir, o que não queremos é a imposição”. 

Foto de abertura: Ana Cologni 

 

 

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