Em missa de 1 º de maio, padre defende a luta pelos direitos dos trabalhadores

“Nosso país passa por muitas dificuldades e nosso coração dói em saber que há 13 milhões de desempregados”. Esse foi o tom não só da homilia, mas de toda a celebração de padre Leandro Megeto no Espaço M, no Clube de Campo do Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea e Campo, na manhã deste 1 º de maio, Dia do Trabalho.

As comemorações do feriado tiveram início com a missa em ação de graças pelo Dia do Trabalho, e também em intenções pelos desempregados e pelas injustiças sociais que estão ocorrendo no Brasil, diante as propostas de reforma previdenciária e trabalhista do governo Temer.

Imagens de São José Operário e de Nossa Senhora Aparecida foram trazidas por trabalhadores ao altar. “São José, pai de Jesus, era carpinteiro, um homem muito trabalhador. E foi no sentado no banco de uma carpintaria que Jesus aprendeu, desde cedo, o valor e a importância do trabalho.”

Em sua homilia, padre Leandro comentou sobre a nota divulgada pela CNBB, pelo Dia do Trabalhador. “A minha voz é também a voz do nosso bispo diocesano, Dom Vicente Costa, e de todos os bispos do Brasil, que estão reunidos na 55 ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Aparecida.”

Ele destacou vários pontos da nota e reforçou a importância da defesa dos direitos dos trabalhadores. “O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. à‰ inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade.” (Leia a nota na íntegra abaixo).

Na procissão do ofertório, ferramentas, materiais e objetos foram apresentados, simbolizando o mundo do trabalho. Na benção final, carteiras de trabalho também foram abençoadas.

 

“Estamos solidários e preocupados com tantos pais de família que estão desempregados, por isso nossa luta em defender os direitos dos trabalhadores, adquiridos com tanto esforço. Na última sexta-feira, dia 28 de abril, estivemos nas ruas e protestamos contra as reformas que estão sendo propostas por esse governo. à‰ um absurdo o que estão querendo fazer com o povo brasileiro”, disse o presidente do Sindicato, Eliseu Silva Costa, que também agradeceu, em nome de toda a diretoria do Sindicato, a todos que contribuíram para que a celebração pudesse ser realizada. 

 

 

 

Veja na íntegra a nota da CNBB:

AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL

MENSAGEM DA CNBB

“Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo 5,17)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ”“ CNBB, reunida, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida ”“ SP, em sua 55 ª Assembleia Geral Ordinária, se une aos trabalhadores e à s trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1 º de maio. Brota do nosso coração de pastores um grito de solidariedade em defesa de seus direitos, particularmente dos 13 milhões de desempregados.

O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui uma dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à  justa remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à  qualidade de vida digna.

Ao longo da nossa história, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras pela conquista de direitos contribuíram para a construção de uma nação com ideais republicanos e democráticos. O dia do trabalhador e da trabalhadora é celebrado, neste ano de 2017, em meio a um ataque sistemático e ostensivo aos direitos conquistados, precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e absolutizando o Mercado. Diante disso, dizemos não ao “conceito economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos parâmetros da justiça social” (Papa Francisco, Audiência Geral, 1 º. de maio de 2013).

Nessa lógica perversa do mercado, os Poderes Executivo e Legislativo reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à  Constituição 287/16 (Reforma da Previdência). à‰ inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade.

Irmãos e irmãs, trabalhadores e trabalhadoras, diante da precarização, flexibilização das leis do trabalho e demais perdas oriundas das “reformas”, nossa palavra é de esperança e de fé: nenhum trabalhador sem direitos! Juntamente com a Terra e o Teto, o Trabalho é um direito sagrado, pelo qual vale a pena lutar (Cf. Papa Francisco, Discurso aos Movimentos Populares, 9 de julho de 2015).

Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas, em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres.

Por intercessão de São José Operário, invocamos a benção de Deus para cada trabalhador e trabalhadora e suas famílias.

Aparecida, 27 de abril de 2017.

 

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