Economistas apontam irresponsabilidade do Congresso ao aprovar aumento de gastos

A aprovação recente de medidas que aumentam os gastos públicos num ano de crise econà´mica representa um descompromisso do Congresso Nacional com a realidade do país. Segundo alguns economistas, os parlamentares estão pondo disputas políticos à  frente dos interesses do país.

Na noite da última quarta-feira (5), por exemplo, a Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, a proposta de emenda à  Constituição (PEC) que vincula o salário de advogados públicos e de delegados de polícia à  remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal. O texto estabelece 90,25% do salário dos ministros do STF como a maior remuneração de cada carreira.

De acordo com o Ministério do Planejamento, a proposta terá impacto de R$ 2,4 bilhões nos cofres federais em 2015. A partir de 2016, o impacto aumenta para R$ 9,9 bilhões ao ano.

Para os economistas, essa despesa é insustentável.  “Sob qualquer ponto de vista, o Congresso está sendo, no mínimo, irresponsável. O que está em disputa não é a questão fiscal, mas uma disputa política para aprovar propostas que aumentem o desgaste do governo. Um dos ingredientes é aprovar um conjunto de condições fiscais que inviabilizam qualquer governo”, disse o professor Francisco Lopreato, especialista em política fiscal da Universidade de Campinas.

Doutora em economia pela Fundação Getulio Vargas, Virene Matesco também reprova a postura do Congresso, ao não levar em conta as dificuldades fiscais do país. “Quando o Congresso se predispõe a atacar pessoalmente um presidente, mostra que não trabalha para a população, nem representa o povo que o elegeu. A solvência do país tem de estar acima de quaisquer interesses partidários”, afirmou.

 

Para Virene, o Congresso deveria atuar como parceiro, não como adversário da equipe econà´mica.  “O governo tem margem pequena para cortar gastos e precisa do apoio do Congresso para diminuir despesas obrigatórias. Se a receita está caindo de um lado, por outro, o revanchismo dos parlamentares complica ainda mais o ajuste fiscal”, concluiu.

 

(da Agência Brasil)

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