Um sindicato forte em uma região privilegiada

O Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí foi fundado em 28 de maio de 1946, um período de grandes transformações mundiais, com o fim da Segunda Grande Guerra no ano anterior, e também nacionais, com a deposição do presidente Getúlio Vargas e a convocação de uma assembleia constituinte.

O Sindicato substituiu a Associação dos Metalúrgicos, criada em 1939, tendo como base a organização existente na Companhia Mecânica. Esta e muitas outras empresas se instalaram em Jundiaí a partir da década de 1930, no rastro do desenvolvimento industrial promovido pelo governo federal.

Desde o império, a cidade oferecia a vantagem de sua localização privilegiada, sendo a porta de entrada para o interior do País. Com as ferrovias aqui instaladas a partir do século 19 para escoar o café para o porto de Santos, a cidade atraiu muitas empresas.

Um novo impulso industrial aconteceu na década de 1940, com a construção da Rodovia Anhanguera e, também, na década seguinte, com o projeto desenvolvimentista do governo do presidente Juscelino Kubitschek.

Jundiaí na greve dos 300 mil

Em 1953, trabalhadores de Jundiaí participaram ativamente da grande greve que envolveu mais de 300 mil metalúrgicos, têxteis e gráficos de várias cidades, que lutavam por reivindicações econà´micas, liberdade sindical e em defesa da criação da Petrobras.

Com a instalação das montadoras e outras multinacionais no País, Jundiaí teve grande expansão do parque industrial, que consolidou a vocação operária da região.

Com mais indústrias, a classe trabalhadora ganhou maior importância e os metalúrgicos aumentaram seu grau de organização. Em julho de 1958 o Sindicato inaugurou sede própria na rua XV de Novembro, na Vila Arens.

Golpe militar cala movimento sindical

Com o golpe militar, em 1964, a ditadura calou o movimento sindical e avançou sobre os direitos e conquistas dos trabalhadores.

Com os militares no poder, os trabalhadores iniciaram um longo processo de resistência à  ditadura. Sem poder atuar nos sindicatos, que são proibidos de fazer política partidária, os trabalhadores se organizam em entidades e associações nos bairros.

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Em Jundiaí, é grande a organização popular em bairros, como Vila Rami, Ponte São João, Colônia, Vila Arens e outros, com significativa participação da categoria. Essa organização criou condições para que os metalúrgicos, com as greves de 1978, desafiassem a ditadura, dando início a uma nova prática sindical.

Greves desafiam o governo militar

Em março de 1978, os trabalhadores na Sifco cruzaram os braços exigindo reposição salarial. A paralisação era reflexo do ambiente criado no ABC Paulista, que desencadeou um movimento nacional dos trabalhadores por mais salários e melhores condições de trabalho.

Passando por cima da lei antigreve, as paralisações ganharam dimensão política de desafio à  ditadura.

Nos anos seguintes, centenas de greves aconteceram na região de Jundiaí.

Um ano marcante foi 1988. No dia 1 º de Maio, os trabalhadores da região fizeram o Dia do Basta, na Praça Marechal Deodoro, com grande participação dos metalúrgicos. No Clube de Campo, naquele mesmo dia, reafirmaram as reivindicações com ato político e show do cantor e compositor Zé Geraldo.

Naquele ano, vários avanços foram incorporados à  Constituição, como as 44 horas semanais de trabalho, jornada de seis horas no turno de revezamento, direito de greve sem restrições, abono de um salário anual para quem recebe até dois salários mínimos, licença maternidade de 120 dias, licença paternidade de 5 dias, 1/3 de abono nas férias e 13 ° aos aposentados, entre outros avanços.

Paralisações devolvem a força ao movimento sindical

Na campanha salarial, greves realizadas em Jundiaí abriram caminho para os trabalhadores conquistarem 20% de reajuste, mais o percentual de inflação. As paralisações aconteceram na Sifco, Oscar, KSB, Alfred Teves, Morando, Hermann, Irmãos Martins, Böllhoff, Petri, Tusa, CBC, Klinger, Aerovento, Continental e outras empresas.

Nesse movimento de recuperação de direitos, a categoria conquistou o adicional aos eletricistas, fornecimento de uniformes e reintegrações de trabalhadores com doença ocupacional.

Em 1989, a chapa encabeçada por Eliseu Silva Costa venceu as eleições e, desde então, ele é o presidente do Sindicato Dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.

Em 1998, Eliseu Silva Costa tomou posse como vice-presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, com Cláudio Magrão no comando.

Em 2009, foi eleito para a diretoria financeira da Federação dos Metalúrgicos do Estado, em chapa também encabeçada por Cláudio Magrão.

Em 2018, Eliseu foi eleito presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado e reeleito em 2021.

Hoje, Sindicato Dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista continua lutando pelos direitos dos trabalhadores, mas trabalha para toda a sociedade. Com a nova Sede, inaugurada em 11 de agosto de 2014, o objetivo é oferecer opções de serviços, lazer e cultura para todos os moradores da região.

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